A história é conhecida: um ganha cinco e produz mais cinco; outro, de dois cria mais dois e o que recebe um esconde o único que recebe.
Com medo.
Ouço
sempre esta passagem do Evangelho como uma chamada de atenção
importante na minha vida. Hoje, sobretudo, procurei escutá-la num
sentido mais comunitário: olhar não só para mim, mas alargar o meu olhar
à família a que pertenço: a Igreja. E veio-me a questão: e nós, como
Igreja, qual dos três servos seríamos? De facto, muito nos é confiado,
muito nos é dado. Mas, como temos posto a render o muito que recebemos?
Confesso
que, algumas vezes, me sinto preocupado com este aspecto. Em nome de
uma “tradição” – por vezes mal entendida – julgo que também nós
enterramos o Tesouro que recebemos. Que temos medo do risco.
Somos
conservadores, no pior sentido que esta palavra possa ter. Tememos estar
na linha da frente, não somos arrojados nas propostas que fazemos.
Temos medo de denunciar a injustiça, a opressão, o poder despótico, a
falta de liberdade. Preferimos repetir modelos. Preferimos, muitas
vezes, manter tudo como está. Parece mais seguro…
Mas nesta parábola,
aquele que teve medo acabou por ser rejeitado pelo seu senhor.
Como
dizia, o Evangelho de hoje poderia levar-nos, nos quatro cantos do
mundo onde haja catolicismo, a um exame de consciência sobre o modo como
temos arriscado ser mais de Cristo. S. Paulo, na 2ª leitura,
alerta-nos: «não durmamos como os outros».
Mt 25, 14-30
Copiado do post de João Manuel no blog Companhia dos Filósofos.
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